Dia do Farmacêutico: futuros peritos legistas falam da vontade de atuar em prol da elucidação de crimes

21 de janeiro de 2022 - 11:45 # # # #

Texto e fotos: Ascom Aesp / Ascom Pefoce

Você sabia, que o profissional farmacêutico, além de trabalhar na indústria farmacêutica, em farmácias e drogarias, na elaboração de medicamentos, análises clínicas, fabricação e inspeção de produtos e alimentos, também podem empregar esse conhecimento científico na atuação forense?

Nos próximos meses, a Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) receberá 227 novos servidores aprovados no último concurso público. Dentre os cargos, existe o de perito legista, que é subdividido em duas carreiras distintas: Odontologia Legal e Farmacologia Legal, com áreas de formação distintas, Odontologia e Farmácia, respectivamente.

Nesse 20 de janeiro, Dia do Farmacêutico, a Perícia Forense do Estado do Ceará e a Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará trouxeram um especial para mostrar a atuação deste profissional na elucidação de crimes.

Conhecimentos em prol da segurança pública

O perito geral da Pefoce, Júlio César Nogueira Torres, que também é farmacêutico por formação, conta como as duas profissões se uniram em sua vida. “Na minha vida, na verdade as duas coisas se confundem. Na época do colégio eu fiz um teste vocacional que indicou que, eu poderia ser da área da saúde, mas quando eu vi uma apresentação de Perícia Forense, no caso de um perito da Polícia Federal, eu me encantei. Então eu disse: eu quero trabalhar em uma área da saúde que tenha a possibilidade de ser perito criminal. Assim que eu me formei apareceu o concurso e eu consegui passar assim logo no primeiro ano. Eu acho que foi uma dádiva”.

Professor da disciplina de DNA Forense no curso de formação da Pefoce, o gestor destaca a importância deste profissional para a perícia forense. “A profissão farmacêutica ela é uma das profissões em que a gente tem uma das mais abrangentes áreas de atuação, e na Pefoce, ele é responsável pelas análises toxicológicas, análise de droga bruta, análise de causa mortes nas pessoas que são envenenadas ou sofrem algum acidente, para gente testar o tipo de droga presente naquele sangue, se teve intoxicação exógena, se houve suicídio, se foi homicídio. Então, o farmacêutico com a sua ciência da toxicologia, ele pode auxiliar em vários inquéritos policiais. Aqui na turma de perito legista, nós temos cinco peritos odontólogos e temos cinco peritos farmacêuticos ingressando nesse quadro e deixando a Perícia Forense cada vez mais robusta”, pontuou Júlio Torres.

Ampla atuação

Os futuros peritos legistas farmacêuticos atuarão nos laboratórios do Núcleo de Bioquímica e Biologia Forense (NUBBF), no Núcleo de Toxicologia Forense (Nutof) e no Núcleo de Perícia em DNA Forense (NUPDF).

Na Pefoce, os servidores atuam de modo integrado. Os peritos legistas farmacêuticos, por exemplo, atuam em parceria com os peritos do Núcleo de Perícia Externa (Nupex) da Coordenadoria de Perícia Criminal (Copec) no recebimento e perícia dos objetos e vestígios trazidos de locais de crimes e identificação para saber se são vestígios biológicos humanos ou de origem animal, por exemplo.

Também há a atuação integrada com peritos legistas do DNA Forense com o Núcleo de Atendimento Especial à Mulher, Criança e Adolescente (Namca) da Coordenadoria de Medicina Legal (Comel) da Pefoce, no recebimento de vestimentas e vestígios biológicos que auxiliam, principalmente, nas investigações e identificação de agressores de crimes sexuais através da genética forense. Também realizam a identificação humana de corpos que dão entrada sem documentos e passam por exame de DNA e auxiliam na localização de pessoas desaparecidas.

Já os farmacêuticos que ficam lotados na Toxicologia Forense trabalham com análises de drogas brutas, principalmente, enviadas pelas delegacias e com as amostras biológicas, com perícias de alcoolemia e pesquisa de drogas, em amostras de sangue e/ou urina, coletadas em vivos, no setor de flagrante da Pefoce. Realizam também as mesmas perícias nas amostras coletadas em cadáveres.

Farmacêuticos e futuros peritos da Pefoce

Em formação na Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará (Aesp/CE), os farmacêuticos, que são alunos do Curso de Perito Legista, contam suas expectativas para atuar na segurança pública.

Thiala Parente (32) é graduada pela Universidade Federal do Ceará e Mestre em Ciências Farmacêuticas. Ela conta que ingressar na Perícia Forense do Estado é um sonho antigo, cultivado desde a graduação.

“Eu fui monitora de toxicologia na disciplina do curso e desde esse período que a gente almeja, porque para os farmacêuticos aqui do Ceará esse era o concurso mais sonhado. Então teve o primeiro concurso após a minha formação, que foi em 2012, infelizmente eu não passei. Então eu espero há dez anos por esse concurso, e finalmente deu certo agora. Uma coisa que eu escutei e que eu achei muito legal, que o doutor Júlio falou no nosso seminário de abertura, que a maioria dos alunos que estão aqui, está por missão, e eu me vejo dentro desse grupo”, declarou.

A jovem, que atualmente é servidora, farmacêutica, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, não esconde a empolgação em servir à sociedade cearense. “Eu acho a perícia assim fantástica. A gente utiliza nosso conhecimento para ajudar na justiça. Então a minha expectativa é que eu possa utilizar tudo que eu já aprendi até hoje na minha graduação, na minha vida profissional e tentar ajudar o máximo que eu consiga na elucidação de casos, sejam eles para condenação ou para a absorção dos réus”, e revela seu desejo em atuar no Núcleo de Toxicologia Forense.

“Eu tenho interesse em fazer parte do laboratório de toxicologia porque eu gosto muito da área de analítica, gosto muito de equipamentos, HPLC, cromatografia gasosa e como a gente já escutou bastante aqui, os laboratórios lá da Pefoce são bem estruturados, a tecnologia é muito grande então eu me interesso, meus olhinhos brilham para esse setor”, ressalta a futura perita legista.

Para o carioca Tarcísio Nascimento Corrêa (30), sua jornada até o concurso foi conduzida pelo seu amor à ciência. Ele conta que já é servidor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como Técnico de Laboratório desde 2011, e que em 2017 concluiu a graduação em Farmácia, e prestou o concurso da Pefoce motivado pela ciência.

“As ciências forenses sempre me fascinaram muito. A Ciência me fascina! Então, você entregar a ciência de uma maneira mais direta para a sociedade é algo que sempre me chamou atenção. Eu sempre gostei muito de estudar, ler, de escrever, então, é uma expectativa bastante alta e acho que é uma forma de ver os frutos de todo o meu aprendizado, todo o meu investimento, do investimento do estado, não só na minha formação, mas assim, na minha experiência profissional”, destacou Tarcisio.

Mesmo estando no início do curso de formação promovido pela Aesp, o farmacêutico, que também fez mestrado em Biotecnologia, já demonstra interesse em uma área da Pefoce. “Eu tenho uma preferência, eu queria trabalhar no banco de imagem de DNA porque eu já trabalhei com química, então, talvez mudar um pouco o foco e eu tenho pós-graduação em biotecnologia. Então, já tem um pouco mais a ver com a parte do DNA. Acho que vai ser melhor para aliar então os dois conhecimentos”, pontuou o futuro perito legista.