Escrivã da Polícia Civil que salvou torcedores de agressão recebe elogio do Delegado Geral do Ceará

7 de agosto de 2019 - 17:08 # # # #

“Eu te chamei aqui para agradecer pelo seu ato de bravura, porque apesar de estar de folga, sozinha e principalmente por estar gestante, você fez exatamente o que jurou fazer, defender a sociedade acima de tudo. Então restam só elogios a sua pessoa”, com essas palavras, o delegado geral da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), Marcus Rattacaso, agradeceu, em um encontro, na manhã dessa terça-feira (6), à escrivã Tárgilla Bié Brito, em nome da instituição, pelo ato de bravura ao salvar dois torcedores, pai e filho, de uma agressão cometida por diversos homens. A ação ocorreu, no último domingo (4), no bairro Serrinha, em Fortaleza.

Tárgilla Brito é escrivã de Polícia Civil há pouco mais de um ano, e apesar da pouca idade, 25 anos, ela já foi guarda municipal de Fortaleza durante três anos. Tárgilla está grávida de cinco meses da sua primeira filha: a Cecília. E foi justamente pensando como mãe, que ela resolveu agir encerrando as agressões contra as vítimas. “Na hora que eu vi, eu pensei logo que matariam o rapaz e que poderia ser uma mãe chorando a perda de um filho. O adolescente que estava na garupa da moto e foi arrastado estava levando muitos chutes na cabeça. Eu sabia que se não fizesse nada, talvez aquele torcedor tivesse morrido ou até estivesse em coma, e teria uma mãe chorando junto com ele”, disse ela.

A escrivã, atualmente lotada na Delegacia Metropolitana de Horizonte, passava pelo local com seu esposo quando se deparou com a situação. Ela relembrou como tudo ocorreu. “Eu estava passando quando observei um grupo de torcedores que se aproximava. Quando eu olhei para o lado, uns rapazes chutaram a moto de um senhor que estava com a camisa do Ceará. A moto desequilibrou e caiu no canteiro central, foi quando um monte de gente foi para cima, tanto do senhor que pilotava quanto do adolescente. Eu imediatamente pensei que iriam matá-los. Foi quando eu saquei a arma e dei o primeiro disparo para cima, de advertência. Alguns se dispersaram, mas outros continuaram com as agressões. Então tive o ímpeto de correr e falei para parar. Foi quando dei o segundo disparo, mesmo assim, continuaram agredindo. Quando virei e atirei a terceira vez, um dos agressores chegou a reclamar que eu não poderia atirar nele e fez a menção de voltar. Nessa hora eu aponto a arma e grito que sou ‘polícia’, foi quando todos fugiram”, relembra Tárgilla.

A escrivã contou ainda que no primeiro momento não percebeu que as vítimas tratavam de pai e filho. Ela disse que ouviu o adolescente chamar pelo pai, mas achou que poderia ser pelo fato de estar atordoado. “Na hora que parou, eu ouvi ele gritando ‘pai, pai’, foi quando a outra vítima se aproximou”.

Aos ser questionada sobre o que gostaria de falar para as pessoas que ajudou, Tárgilla manda um recado: “agradeçam a Deus pelo livramento. Talvez as orações da mãe do adolescente em casa, pedindo para proteger, foi o que me colocou lá na hora”. Ela ainda afirmou que se fosse preciso, faria tudo novamente. “Eu faria tudo outra vez, mesmo me colocando em risco. Vou ser mãe, e me pergunto: Se fosse um filho meu? Ou até mesmo se fosse algum familiar meu que estivesse na situação e tivesse alguém lá podendo ajudar e não tivesse feito, eu me sentiria muito mal. Eu jurei defender as pessoas”, finaliza ela.

Ainda na terça-feira (6), após a conversa entre Tárgilla e Marcus Rattacaso, uma portaria do gabinete do delegado geral, com um elogio ressaltando a bravura e o destemor da servidora, foi encaminhada para o Departamento de Gestão de Pessoas (DGP) da PCCE para registro nos assentamentos funcionais de Tárgilla e publicação no Diário Oficial do Estado.