Às vésperas dos 30 anos, Ciopaer relembra trajetória e destaca serviços em prol dos cearenses
22 de setembro de 2025 - 12:12 #30 anos Ciopaer #Ciopaer #Ciopaer 30 anos #SSPDS
Texto: André Gurjão Fotos: Arquivo SSPDS
No próximo dia 10, a Coordenadoria Integrada de Operações Áreas (Ciopaer) da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) completa 30 anos de muitos serviços prestados à população cearense. Uma trajetória que é narrada pelos nossos primeiros aviadores da Segurança Pública como “brilhante”, embora a forma mais simples de descrever seja um sonho transformado em missão. “A minha história na aviação começa com o desejo. Um dos meus sonhos de criança era ser piloto de caça e eu já dizia: ´se não for caça, vai ser helicóptero´”, narra o coordenador da Ciopaer, o coronel PM Marcus Costa.
“Inclusive, aos 10 anos eu já ´pilotava´”, continua o titular da Ciopaer. “Na verdade, pilotava um galho de mangueira, que era o que eu utilizava para poder brincar de avião Também construia aeronaves com lata de óleo e cabos de vassouras, pois eu não tinha acesso às maquetes de aeronaves. Elas eram caríssimas naquela época”, relembra o coronel. A brincadeira já apontava a própria vocação e a profissão que vinha em seguida. Após ajudas valiosas e algumas “portas na cara”, o sonho pode se tornar realidade, como relatou recentemente para o PodSeg, o podcast da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).
Hoje, a Ciopaer conta com o trabalho e o suor de 246 homens e mulheres atuando em cinco bases. O fato de operar a partir de unidades em Fortaleza, Sobral, Juazeiro do Norte, Crateús e Quixadá faz com que qualquer atendimento não demore, a partir do momento do acionamento, mais do que 30 minutos, quando todas as bases estão com suas aeronaves em prontidão. Além disso, dispõe da maior e mais moderna frota do Norte-Nordeste e dos melhores equipamentos e da melhor capacitação técnica da região.
São nove helicópteros e um avião a serviço do povo cearense, tornando-a também a 4ª maior frota nacional e a maior frota entre órgãos estaduais e federais de Segurança Pública de aeronaves com dois motores e com capacidade de voos por instrumentos. “A nossa principal missão é atender com eficiência, por meio de múltiplas atividades: do apoio às operações policiais, missões de salvamento e resgate, até o transporte aeromédico”, enumera o coronel Marcus Costa.
Somente em 2025, ainda conforme o coordenador da Ciopaer, já se foram 1.363 horas de voo e 1.134 vezes uma das aeronaves das Forças de Segurança Pública do estado riscou o anil do céu cearense. “Já atuei em várias operações e a sensação é a melhor possível. É um sentimento de dever cumprido com o nosso estado e a nossa população. Me sinto grato em fazer parte dessa história, que está bem perto de celebrar os seus 30 anos”, frisa o inspetor técnico de manutenção, capitão Gleyci Garcia Lima, servidor com mais tempo de atuação na Ciopaer.
Pelo retrovisor da história
Olhando pelo retrovisor da história, parece que os cearenses sempre contaram com a prontidão dos profissionais da Ciopaer. A realidade, contudo, é bem outra. A primeira atividade aérea de apoio à Segurança Pública no Ceará data de 1982. Na ocasião, um Boeing 727-200 da extinta empresa Vasp colidiu contra a Serra da Aratanha, município de Pacatuba, e um helicóptero da estatal Companhia Elétrica do Ceará (Coelce) prestou apoio.
Outras ocorrências, embora de menor gravidade, em 1985, 1987 e 1991, já sinalizavam a importância do estado dispor de um grupamento aéreo especializado pela Segurança Pública. No entanto, foi o sequestro de dom Aloísio Lorscheider por detentos do extinto Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS), em 1994, o ápice de todos aqueles anos. Na época, a “Operação Serra Azul” entrou para a história, como uma das maiores recapturas da história do estado. Os 12 detentos foram recapturados e todos reféns libertados em segurança.
Após o fato, o Governo do Ceará iniciou os projetos de aquisição de aeronaves para a Segurança Pública. Simultaneamente, a Coelce iniciava o processo de privatização e o mesmo helicóptero que atendeu aquela ocorrência em 1982, um HB 350 B Esquilo, foi adquirido e transferido para a Polícia Militar do Ceará (PMCE). A aeronave recebeu o nome de “Raio Uno” e foi incorporada ao Grupamento de Policiamento Aéreo da PMCE (GPAer), criado em 10 de outubro de 1995. A data marca os primórdios da Ciopaer no Ceará.
Os primeiros anos
Em 1997, um novo marco histórico: o primeiro voo realizado por tripulação totalmente policial, sem a presença de pilotos civis. Neste mesmo período, o “Raio Uno” ficou conhecido como “Águia Uno”. Em 2001, o GPAer é incorporado como um Centro Integrado da SSPDC e recebe o nome que a tornou famosa: Ciopaer, que à época significava Centro Integrado de Operações Aéreas. A última mudança estruturante ocorreu em 2007, quando a denominação das aeronaves “Águia” foi substituída por “Fênix”. O pássaro mitológico é uma referência à capacidade de ressurgir das cinzas e se reinventar do quadro de profissionais da Ciopaer, que por sua vez passou ao status de Coordenadoria, com a denominação que tem até hoje.
“Nos primórdios da Ciopaer, eram quatro helicópteros, todos do modelo Esquilo”, relembra o oficial investigador de polícia (OIP), João Vieira Paixão Filho. Com uma equipe de apenas de 90 profissionais, até o próprio contingente dentro das aeronaves era diminuto. “No começo, embarcavam dois pilotos e dois tripulantes. Hoje, conseguimos voar com dois pilotos, um tripulante na porta direita, um tripulante na porta esquerda e um ´fiel´ (posição central)”, narra o OIP João Vieira Paixão Filho.
“A Ciopaer não é só minha casa, é também a minha segunda família”, emenda o policial civil ao relembrar a trajetória que começou em 2001. “Ainda assim, o que posso dizer é que se pudesse voltar atrás, faria tudo do mesmo jeito. Tenho orgulho de servir o nosso estado e de ser respeitado pelos nossos agentes das Forças de Segurança”. Hoje, ele atua no serviço de manutenção aeronáutica, mas ainda lembra a época em que foi tripulante. “Não há preço que pague resgatar pessoas presas às ferragens, ou socorrer crianças em uma situação de emergência, é uma emoção indescritível”, arremata.
Frota
Atualmente a frota da Ciopaer é constituída por nove helicópteros, sendo duas aeronaves do modelo AS350 B2 Esquilo, um EC130 B4, um EC135 P2+, três EC 145 C2 e dois H135, além de um avião Cesnna C-210 M Centurion II. Conta ainda com um quadro de pilotos, operadores aerotáticos, mecânicos de manutenção aeronáutica e apoio solo, formados dentro do mais alto padrão técnico e profissional, bem como com profissionais do Samu Ceará (médicos(as) e enfermeiros(as)), denominados de operadores de suporte médico, que atuam na importante missão do serviço aeromádico. Conta ainda com uma vasta gama de equipamentos de última geração, a serem empregados nas várias missões desempenhadas como câmeras de alta resolução com capacidade infravermelho, guinchos elétricos, ganchos de carga, cestos de combate a incêndios, cestos de resgate em altura e meio líquido, além de vasto ferramental para manutenção de aeronaves e equipamentos.
Com atuação marcante não apenas no estado do Ceará, mas também em apoio a outras unidades da federação, como Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Pará e Rio Grande do Sul, a Ciopaer Ceará se destaca no cenário nacional, para orgulho da população cearense.