Dia da Policial Militar Feminina do Ceará: SSPDS celebra o comprometimento dessas mulheres que atuam para trazer mais segurança aos cearenses

26 de junho de 2025 - 12:08 # #

Texto: Helena Ximenes - Ascom SSPDS
Fotos: Denilson Araújo

Dedicadas à segurança do povo cearense, as mulheres atuam em diversos quadros da Polícia Militar do Ceará (PMCE) e destacam-se pela competência, qualidade e comprometimento em trazer mais proteção e inspiração para toda a sociedade cearense. 

Em alusão ao Dia da Policial Militar Feminina do Ceará, celebrado nesta quinta-feira (26), a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) homenageia e apresenta a história de algumas policiais militares femininas que fazem a diferença na corporação e na sociedade.

Pioneirismo

Há 31 anos, em 26 de junho de 1994, ingressava na Polícia Militar do Ceará (PMCE) a primeira turma de policiais militares femininas. Eram dez oficiais, vinte sargentos, cem soldados combatentes e quatorze musicistas. Entre essas, estava a coronel PM Asmenha Cruz, que lembra com carinho seu ingresso na Corporação. “Foi um momento marcante na minha vida, pois quem é pioneira escreveu história nos anais da Corporação. Guardo boas lembranças, muito aprendizado e amizades que já atravessam três décadas”, relembra. 

Como uma das pioneiras, a coronel relata as mudanças que viu de perto nesses anos, sendo elas tanto nas estruturas físicas, como a criação de alojamentos e toaletes femininos, quanto no comportamento do efetivo masculino, que teve que se ambientar a conviver com as mulheres, que até então não faziam parte daquele universo. 

“O toque feminino passou a ser visto nos pequenos detalhes, por exemplo, na decoração dos ambientes, no olhar humanizado para com os subordinados. O preconceito aos poucos foi dando vez à confiança e à credibilidade no trabalho feminino, porque as mulheres mostraram, sem competitividade, que eram tão capazes quanto os homens em quaisquer missões a executar. Houve majoração no quantitativo de vagas para ingresso nos concursos. E hoje temos em torno de 1.416 mulheres nas fileiras. E almejamos que esse número aumente cada vez mais nos tempos vindouros”, ratifica. 

Dentro da corporação, a coronel exerceu funções, como coordenadora de Desenvolvimento Institucional na Coordenadoria de Desenvolvimento Institucional (Codip), comandante do 1° Colégio da Polícia Militar Gen Edgard Facó (por duas vezes), chefe de gabinete do Subcomando Geral da PMCE, diretora de Planejamento e Gestão Interna da Academia Estadual de Segurança Pública (Aesp), assessora de comunicação social da Academia de Polícia Militar Gen Edgard Facó (APMGE), subcomandante da Companhia de Polícia Feminina (CIA PMFEM), secretária da Seção de Ensino e Instrução do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP). Dentre os quartéis citados, os últimos três já foram extintos.

Atualmente, a coronel PM Asmenha é coordenadora de Gestão de Pessoas da PMCE, e conta que nunca havia sonhado com a possibilidade de ser policial, já que à época, não existiam policiais femininas na Polícia Militar do Ceará (PMCE). Porém, após concluir a faculdade, com muito estudo e dedicação, houve a oportunidade de prestar o concurso público para PMCE, sendo aprovada em segundo lugar no certame da Instituição que a mesma hoje, 31 anos depois, considera com carinho a sua “segunda casa”. 

“À Corporação sou toda agradecimentos, pois me acolheu como uma segunda casa, agregou em mim conhecimentos que levarei para toda a minha existência. Sou grata, também, pelas amizades que conquistei ao longo da minha trajetória nas fileiras. À sociedade que tão bem recebeu as mulheres nas ruas, dedicando toda confiança no trabalho feminino, o meu muito obrigada. E digo: acreditem na Polícia Militar do Ceará, a nossa missão é lhes servir. E àquelas jovens que almejam ingressar na Corporação, em primeiro, estudem… estudem muito. Abracem a profissão por vocação, coloquem amor em tudo o que fizerem, sejam justas e honestas. Nossa missão é servir”, finaliza com carinho a coronel. 

Persistência

Graduada em Gestão Pública, Pedagogia e pós graduada em Segurança Pública, a 2° sargento PM Holanda, realizou o sonho de ingressar na PMCE em setembro de 2007, aos 31 anos, mas ser policial sempre esteve no seu coração.  “A admiração e respeito por esta profissão surgiu desde nova, por um dos meus irmãos mais velhos ser policial militar. Então, cresci com a visão de que o policial militar é um herói sem capa, de carne e osso, e que sangra”, enfatiza a sargento. 

No ano em que as primeiras policiais femininas ingressaram na PMCE, a sargento Holanda, tinha recém completado 18 anos, porém não pode fazer o concurso por não ter a idade mínima exigida à época –  21 anos.  “No ano seguinte (1995), teve outro concurso, mas eu também não tinha ainda a idade necessária. Depois disso, passaram-se 10 anos sem haver vagas para policial feminina nos concursos. As inscrições foram retomadas apenas em 2006, para ingresso em 2007. Até a data do encerramento das inscrições, eu deveria ter 30 anos incompletos. As inscrições foram em abril de 2006, e meu aniversário de 30 anos, seria em junho daquele ano”, lembra.

A sargento, que hoje é lotada na 3ª Companhia do Comando de Operações de Divisas (COD), do Batalhão de Policiamento Especializado do Interior (BEPI) da Polícia Militar, já fez parte, por exemplo, do Regimento de Polícia Montada Coronel Moura Brasil (RPMont) e da Companhia de Policiamento com Cães (CPCães), pertencente ao Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque), relata que a presença da mulher na PMCE é capaz de transformar. “A policial feminina traz sua excelência para o mundo militar. A mulher sábia, além de parceira, é aquela que tem a capacidade de transformar o caos em poesia”, evidencia.

Instrutora da Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará (Aesp) desde 2013, ela destaca a responsabilidade desse seu compromisso de ensinar os novos Integrantes da Instituição. “Quem é instrutor sempre fica com o sentimento de responsabilidade de preparar operacionalmente todos os guerreiros e guerreiras que um dia irão nos suceder quando estivermos na Reserva Remunerada (RR)”, afirma. 

Educação por paixão

A paixão por ensinar também encontra-se em outras polícias da Instituição, entre essas, a  soldado Juliana Pinheiro, de 37 anos, que após um período de muito esforço, dedicação e ousadia, ingressou na Polícia Militar do Ceará (PMCE), em 17 de outubro de 2017. 

Formada em Biologia, Pedagogia e Letras/Libras, a soldado, que hoje trabalha no 1° Colégio da Polícia Militar do Ceará General Edgard Facó (1° CPMGEF), conta que sua trajetória no colégio se iniciou após enviar um currículo para uma vaga como pedagoga para um projeto de reforço olímpico realizado pela escola.

“Teve gente que me disse que eu não ia gostar, porque era ‘escola’, mas o que muitos não sabiam é que antes de ser policial, eu já era professora. Tenho várias especializações, principalmente na área da educação inclusiva, que é minha paixão. Hoje atuo no Serviço de Orientação Educacional e Psicossocial (SOEP) do 1° CPMGEF, ao lado de psicólogas, assistentes sociais e psicopedagogas. A gente trabalha com alunos com deficiência, transtornos do desenvolvimentos, dificuldades de aprendizagem, entre outros, e também acompanhamos as famílias e damos esse suporte que é tão necessário”, acentua.

A soldado acredita que a mulher na PM, traz um diferencial a Corporação, “a mulher traz mais sensibilidade, empatia, sabe lidar com situações de forma mais equilibrada, mais humana, temos um olhar diferente, uma escuta mais atenta. Isso ilumina o ambiente e é essencial em qualquer área, inclusive na segurança pública”, reforça.

Desafios e superações 

⁠”As mulheres somam forças, elas conseguem agregar na parte humana como também na técnica. Elas conseguem gerenciar e modificar o ambiente de trabalho transformando aquilo que parecia estar perdido em algo vantajoso. A Polícia Militar sempre nos trás grandes desafios e isso é o que nos faz querer estar aqui”, afirma a comandante da 4ª Companhia do Batalhão de Polícia de Choque (4ª CIA/BPChq), capitã PM Maria Freitas.

A comandante, que ingressou na PMCE em 2016, recorda que seu grande objetivo ao terminar a faculdade de Química Industrial era ser perita, porém a oportunidade do concurso para oficial da PMCE veio como criar um novo desafio. 

A capitã reitera que as mulheres da PMCE são bravas guerreiras e torce para que mais vocacionadas venham agregar a segurança pública do Estado. “Nós torcemos que mais e mais venham somar conosco. Aquelas que se veem no papel de comando e liderança, saibam que aqui vocês encontrarão diversas oportunidades de exercê-la”, salienta.

Em sua fala, a capitã, destaca a forma como a PMCE valoriza seus servidores. “A PMCE é uma instituição a qual tenho muita gratidão e respeito. Tanto no serviço operacional como também no administrativo, a corporação nos faz enxergar o quanto somos capazes de realizar diversas tarefas”, enfatiza. 

Surpresas

Administradora de formação, casada e mãe, a capitã PM Katharyne, de 36 anos, que atualmente trabalha no Batalhão de Polícia de Trânsito Urbano e Rodoviário Estadual (BPRE) da PMCE, descreve a sua vocação de policial como uma maravilhosa surpresa que a vida lhe deu.

“Nunca fez parte de um sonho, mas desde o dia que decidi que queria ser oficial da Polícia Militar lutei muito para conseguir conquistar, estudando muito para o concurso e me dedicando a cada fase do curso de formação. […] Tenho muito orgulho em fazer parte e servir à sociedade cearense a quem nós tanto prezamos pelo bem estar ”, ressalta a capitã, que ingressou no Curso de Formação para Oficiais (CFO) em 2014 e foi admitida na corporação no dia 05 de julho de 2016, após o término do curso.

Sobre o seu atual trabalho no BPRE, a capitã destaca: “o interesse de atuar no BPRE surgiu pela especificidade do tipo policiamento que tem como base a fiscalização de trânsito diferentemente do policiamento ostensivo geral”.

Para ela, o principal diferencial da mulher na PMCE é a garra que todas elas apresentam desde que nasce, pela forma de lidar com os problemas, pela delicadeza e ao mesmo tempo pela força que todas as mulheres têm. “Pelo atendimento mais humanizado, sensível, inclusivo e empático com a sociedade em geral”, frisa. 

Realização 

“Desde jovem, sempre fui atraída pela ideia de servir à sociedade e fazer a diferença na vida das pessoas. A profissão de policial militar apareceu na minha vida como uma oportunidade de unir meu desejo de servir e proteger a comunidade com uma carreira desafiadora e gratificante. Ao longo do tempo, essa paixão só cresceu, e hoje me sinto realizada em poder contribuir para a segurança e o bem-estar da população”, inicia a soldado Jéssica, de 30 anos, que ingressou na PMCE em 2018. 

A soldado, que atualmente está no Comando de Policiamento de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio), comenta que o seu interesse surgiu quando descobriu o trabalho incrível que a unidade realiza em prol da comunidade.  

“A missão de promover a segurança e o bem-estar, especialmente em áreas de grande necessidade, ressoou profundamente com meus valores, gostos (sempre gostei muito de pilotar moto e cresci no interior) e objetivos profissionais. A expansão do CPRaio para o interior foi um fator decisivo para mim, pois vi uma oportunidade de ingressar em uma unidade especializada e fazer uma diferença ainda maior”, afirma.

Para ela, a presença de mulheres na Polícia Militar do Ceará traz uma perspectiva única e valiosa para as operações e interações com a comunidade. “Mulheres policiais militares têm demonstrado habilidades excepcionais em lidar com situações delicadas e em promover a empatia e o entendimento, o que é fundamental para construir confiança e cooperação com o público. Além disso, a diversidade de gênero enriquece a instituição, permitindo abordagens mais abrangentes e eficazes para a segurança pública”, finaliza.

Vocação 

Em julho de 2025, a soldado Nara Cruz, de 25 anos, completa um ano na Gloriosa, como é carinhosamente chamada a Polícia Militar do Ceará (PMCE). Ela, que é bacharel em Serviço Social, relata que o sonho de ser policial militar, diferente de muitas pessoas, foi construído na vida adulta, com muita consciência e maturidade. 

“Pela minha personalidade, algumas pessoas já comentavam que eu combinava com a carreira policial, mas só comecei a considerar essa possibilidade na reta final da faculdade. Comecei a estudar buscando estabilidade, mas com o tempo fui me identificando com a profissão. Durante o curso de formação, tive a certeza de que era esse o meu caminho. Hoje, vejo que nasci para estar na segurança pública e não me imagino atuando em outra área”, conta. 

Do período de estudos ao ingresso na corporação, a soldado lembra que houveram  diversos desafios que a fizeram descobrir a sua força e transformar todas as dificuldades em motivação. “Aprendi a me manter firme mesmo com medo, a continuar mesmo sem garantias, e a transformar toda essa ansiedade em motivação. Hoje eu olho pra trás com orgulho, porque sei o quanto lutei para conquistar esse fardamento e o quanto ele representa não só para mim, mas para todas as mulheres que sonham em ocupar esse espaço”, acentua. 

Para a soldado, a presença de mulheres na Polícia Militar do Ceará (PMCE) traz uma perspectiva única e valiosa para as operações e interações com a comunidade. Mulheres policiais militares têm demonstrado habilidades excepcionais em lidar com situações delicadas e em promover a empatia e o entendimento, o que é fundamental para construir confiança e cooperação com o público. Além disso, a diversidade de gênero enriquece a instituição, permitindo abordagens mais abrangentes e eficazes para a segurança pública.

Breve histórico

O policiamento feminino na Polícia Militar do Ceará teve início com a criação da Companhia de Polícia Militar Feminina da PMCE nos termos dos artigos 154 e 155 da Constituição Estadual e pela Lei nº 11.035, de 23 de maio de 1985. Porém, sua implantação se deu somente em 1994 com a publicação do edital nº 011/94 da Diretoria de Ensino da Corporação que deu início ao processo de seleção através de concurso público, para recrutamento, seleção, matrícula e admissão aos Cursos de Formação de Oficiais, Sargentos e Soldados femininos.

O coronel PM Manoel Damasceno de Sousa, comandante-geral da PMCE à época, solicitou ao comandante-geral da PM do Distrito Federal (Brasília) a cessão de policiais militares femininas daquela instituição para que fosse iniciada assim a formação profissional das novas policiais haja vista que a PMCE não dispunha em seus quadros ainda de tal efetivo.

A missão coube às policiais: capitão QOPMF/PMDF Solange da Silva Rezende, 2º tenente QOPMF/PMDF Priscila Riederer Rocha e a 2º sargento QPPMF/PMDF Vânia Ferreira Sabino, que em 26 de junho de 1994, iniciaram a formação de dez oficiais, vinte sargentos, cem soldados combatentes e quatorze musicistas, na Academia de Polícia Militar General Edgard Facó, comandada inicialmente pelo coronel PM Celso Augusto Medeiros e posteriormente pelo tenente-coronel PM Francisco Célio de Freitas.

Os primeiros comandante e subcomandante da Companhia PMFem, respectivamente, foram, na época, major PM Francisco Carlos Francelino Mendonça e a 2º Tenente PM Cléa Pontes Medeiros Beltrão.