CBMCE 98 anos: uma história de combate às chamas e acolhimento da população em projetos sociais
9 de agosto de 2023 - 17:49 #CBMCE #CBMCE 98 anos #Memória #Memória do CBMCE
Na semana em que se comemora os 98 anos do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE), a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) traz um apanhado histórico em homenagem à corporação, que apresenta importantes serviços prestados à sociedade cearense.
Há 98 anos, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE) presta relevantes serviços a toda população cearense. Criado a partir da promulgação da Lei No. 2253, em 8 de agosto de 1925, sob a gestão do governo José Moreira da Rocha, o CBMCE teve o próprio início graças à urbanização de Fortaleza e a implantação de redes de água e esgoto na capital. Hoje, a corporação saltou de um quadro de apenas 30 bombeiros militares para 1.640 bravos homens e mulheres dispostos a servir e salvar vidas não apenas em Fortaleza, como também em todo o território cearense. O Estado do Ceará se modernizou e o CBMCE não poderia ficar para trás – também atualizou o modo de se relacionar com o povo cearense.
“O CBMCE é uma instituição quase centenária com importantes serviços prestados à sociedade cearense. Em todo esse tempo, observamos um crescimento da corporação e entendemos que essa evolução não ocorreu apenas numericamente, como também na metodologia do trabalho empregada e na ampliação do leque dos procedimentos. Hoje, atuamos não somente no combate aos incêndios, como também no atendimento pré-hospitalar, no resgate de pessoas e animais, em projetos sociais, na área técnica e em outras áreas onde a nossa presença é solicitada”, explica o comandante-geral adjunto, coronel Wagner Alves Maia.
Por 89 anos, o Comando-Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará funcionou no prédio chamado “Casarão Vermelho”, localizado no bairro Jacarecanga, cuja construção data de 7 de setembro de 1934. No último mês de julho, o comando-geral mudou-se para o Centro Integrado de Segurança Pública (CISP).
Um balanço da corporação, nos primeiros sete meses de 2023, demonstra que o CBMCE atendeu a 17.985 ocorrências em todo Estado do Ceará. Um número que se eleva muito além das 2.322 ocorrências de combate à incêndio, o principal atendimento realizado há quase um século atrás, com as 8.630 ações de busca, resgate e salvamento, sendo 6.033 buscas e salvamentos de animais, e 4.198 ocorrências envolvendo o risco de ataque de insetos. Além destes números, 323 vidas foram salvas de afogamentos pelos bombeiros militares, 1.053 ocorrências envolvendo gases foram contidas, 827 árvores sob risco de queda foram cortadas e 612 outras ocorrências diversas foram atendidas por bombeiros militares.
A aproximação do quartel do Corpo de Bombeiros com as instituições públicas, privadas e da sociedade civil organizada é outra marca da fase atual da corporação. “Não seremos capazes de crescer se não for nos capacitarmos e transformarmos os nossos bombeiros como o principal instrumento de efetividade e bons serviços prestados à sociedade”, justifica o comandante adjunto. A presença dos bombeiros militares extrapola o espaço dos prédios públicos. Hoje, são 28.927 participantes do Programa Saúde, Bombeiros e Sociedade (PSBS), dos 6.047 integrantes do Projeto Jovem Brigadista de Valor (JBV), 1.747 participantes de projetos esportivos culturais e 398 brigadistas de órgãos públicos formados em 2023.
“Tenho muito orgulho do que essa corporação representa e fico feliz em contribuir e colaborar com essa história de 98 anos. O CBMCE é uma instituição muito admirada e querida por toda a sociedade cearense e isso nos traz uma responsabilidade enorme. Como dizem, não é difícil chegar no topo, o difícil é manter sempre a excelência. E, sim, o Corpo de Bombeiros é um órgão de excelência na estrutura das Forças de Segurança. Para que ele sempre seja esse órgão querido de todos os cearenses, homens e mulheres doam as suas vidas e em retribuição ao carinho que recebemos da população e fazem essa corporação cada vez maior”, saúda o coronel Wagner Maia.
Um breve relato
É praticamente impossível afirmar com precisão quando ocorreu o primeiro incêndio em Fortaleza. Entretanto, o historiador e capitão bombeiro militar José Luciano Viana do Nascimento nos relata, em “História do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará”, quatro grandes incêndios na virada do século XIX para o século XX. O primeiro deles, em 13 de agosto de 1840, teria prejudicado quase uma dezena de mulheres de condição humilde e praticamente sem poder aquisitivo na área onde hoje fica a Aldeota. Os incêndios seguintes, que contam com registro em jornais, atingiram com grande virulência palhoças, indústrias e comércios na capital.
As dificuldades dos combates aos incêndios eram sempre as mesmas: não havia água disponível para combater as chamas, não existiam equipes treinadas para agir e nem mesmo equipamentos para auxiliá-las. “Hontem pelas 10 horas do dia os sinos e cornetas deram signal de fogo. Por detraz da Praça dos Voluntários manifestou-se um incêndio em uma cazinha de palha, onde residia um sapateiro de nome Paschoal. Foram baldados tosos os esforços, as chamas se comunicaram a outras 3 cazinhas contiguas aquele e em poucos minutos só existia um montão de cinzas. Não houve desgraça a lamentar. A bomba de apagar incêndio não trabalhou (sic)”, narra a edição do jornal O Cearense, em 13 de agosto de 1869.
Em razão dessas e de outras tragédias, que iriam ocorrer nos anos seguintes, os primeiros 60 anos do Corpo de Bombeiros estão vinculados às grandes operações, como as chamas que atingiram o Cine Majestic e o Hospital César Cals, na década de 50, e a queda o avião do ex-presidente Castelo Branco, na década seguinte. “A formação dos bombeiros, até 1990, era muito rudimentar e estava atrelada à Polícia Militar do Estado do Ceará. Naquela época, o comandante da PMCE fazia uma seleção e um pequeno número dos formados eram direcionados ao Pelotão de Corpo de Bombeiros”, explica as peculiaridades sobre História dos bombeiros militares no Estado do Ceará.
Somente a partir da desvinculação da Polícia Militar, quando deixou de ser uma instituição aquartelada, é que a instituição passou a ir de encontro à população por meio de uma série de projetos sociais. São exemplos desse novo período os projetos Surf-Salva, Portas Abertas, Saúde Bombeiro e Sociedade (PSBS), Grupo de Escoteiros João Nogueira de Jucá e Projeto de Formação de Guarda-vidas. “A principal virtude dos bombeiros é o humanismo. Em nosso dia a dia, vivemos diversas emoções: de muito alegre, quando realizamos o resgate de vítimas ou possuímos esse contato direto e muito positivo com a sociedade; até muito triste, quando infelizmente, por mais que se esforce, não é possível salvar uma vida”, testemunha o capitão Luciano.