Profissionais da Pefoce relatam o desafio e a dedicação com o ofício em meio à pandemia

7 de abril de 2021 - 16:20 # # # # # #

Em meio à pandemia ocasionada pela Covid-19, a atuação técnico-científica da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) foi uma das atividades do Estado que não parou. Prestando um serviço essencial para a sociedade como ferramenta em benefício da Justiça, o desempenho de todos os servidores da Pefoce é elementar para inúmeros tipos de investigações. Mas, na data de hoje, 7 de abril, a Pefoce ressalta o trabalho desempenhado por homens e mulheres médicos peritos legistas.

Atuando duplamente na linha de frente tanto no atendimento prestado na área da saúde como no serviço à segurança pública, subsidiando investigações, o médico perito legista Sângelo Abreu é servidor da Perícia Forense e também é médico na rede privada, no setor de emergência traumatológica. Com 25 anos de experiência na área, 14 deles como médico perito legista, Sângelo Abreu explica como tem sido exercer a medicina nesses dois contextos de atuação em meio a uma pandemia global.

Para Sângelo, a medicina é uma só. E através dela, ele aplica a ciência médica nessas duas atividades distintas, saúde e segurança. Ele conta que encontra um ponto em comum em ambas: salvar vidas, seja na recuperação dos doentes ou devolvendo a esperança para quem precisa de justiça. Em sua rotina de trabalho, o médico conta que tem sido difícil trabalhar na linha de frente do enfrentamento da Covid-19, mas que ele abraça as duas missões tendo como gratificação o resgate dessas vidas.

“Na Medicina Legal a gente observa, por exemplo, nos casos de violência doméstica contra mulheres, que muitas delas são agredidas e chegam também muito abaladas psicologicamente. Quando a gente faz esse tipo exame, sentimos gratidão e senso de justiça por colaborar para a investigação, afastamento e prisão do agressor, a partir desse afastamento, a vítima pode buscar uma nova vida”, conta.

Desafios durante a pandemia

“Atuar em meio a uma pandemia nos atinge de diversas formas, no nosso lado profissional, humano e pessoal. Nós, médicos, somos humanos, cansamos, adoecemos, nossos familiares adoecem, presenciamos a angústia dessas famílias, e da nossa família também. Tudo isso gera uma mistura de sentimentos. E mesmo nessas circunstâncias a gente segue atuando no nosso compromisso”, conta, Sângelo Abreu.

Para a médica perita legista Verbena Matos, médica há 22 anos e servidora da Pefoce desde 2008, a necessidade de desempenhar suas habilidades médicas durante a pandemia é um momento bastante desafiador e delicado, mas que é um chamado vocacional que ela atende com amor.

“Eu acho que todo mundo está vivendo um momento muito particular, e todos devem contribuir para que possamos sair dessa situação, mesmo com o receio de trabalhar todo dia, com risco biológico, a gente tem que fazer com amor pela profissão. É um compromisso que temos pela verdade e pela justiça”, relata.

Medicina com Justiça

Para Verbena Matos, desempenhar a função de médico perito legista é transformar as suas habilidades em respostas, e esse é o objetivo do seu trabalho, conta ela. “Quando a gente vê o nosso laudo sendo utilizado no subsídio concreto, gerado com resultados irrefutáveis, inquestionáveis sobre um determinado fato, dando a resposta sobre o que aconteceu, temos a gratificação do nosso empenho”, conta.

A médica perita legista fala um pouco de sua percepção sobre o seu ofício. “O médico não tem profissão, ele tem uma vocação, para mim é uma vida. Se eu não fosse médica, eu não me imaginava fazendo outra coisa. Quanto à Medicina Legal, eu gosto de coisas muito corretas e não gosto de injustiça. Se não houvesse a Medicina Legal, muitas injustiças iriam acontecer em diversas esferas da sociedade. Medicina para mim é a vida, e a Medicina Legal é o fazer medicina com justiça”, disse.