Polícia Civil desmonta esquema criminoso responsável pelo tráfico de drogas

5 de abril de 2019 - 16:36 # # # # #

Por meio de um trabalho minucioso de inteligência e investigação acerca da atuação de integrantes de uma organização criminosa atuante no Sertão Central, a Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) desmontou um esquema criminoso responsável por gerenciar e distribuir drogas de Fortaleza para municípios da Área Integrada de Segurança 20 (AIS 20). Ao todo, 139 mandados judiciais foram cumpridos durante as ações policiais, sendo 87 de prisão (53 cumpridos dentro do sistema penitenciário do Estado) e 52 de busca e apreensão, nessa quinta-feira (4). Outras cinco pessoas foram presas em flagrante com drogas e armas, em Fortaleza, Quixeramobim e Milhã. A mãe, o irmão e a esposa do chefe da organização criminosa – Carlos Odeon Bandeira (35), conhecido como “Jow” – foram capturados na operação. Os detalhes da ofensiva foram apresentados em coletiva de imprensa, na tarde desta sexta-feira (5), no auditório do Complexo de Delegacias Especializadas (Code), em Fortaleza.

O trabalho policial é resultado de investigações da Delegacia Municipal de Quixeramobim, com apoio da Coordenadoria de Inteligência da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), sobre o envolvimento de integrantes com o tráfico de drogas e outras práticas ilícitas na região do Sertão Central do Estado. Os levantamentos policiais tiveram início em janeiro de 2018, com foco nas negociações de entorpecentes da organização criminosa que atua, em especial, nos municípios de Quixeramobim, Milhã e Senador Pompeu, todos localizados na Área Integrada de Segurança 20 (AIS 20).

Os levantamentos policiais indicam a mãe de “Jow” – Maria Olenilda Aquino Bandeira (53) – como a responsável por negociar e distribuir a droga nos municípios do Sertão Central. A droga, de acordo com as investigações, vinha de Fortaleza, onde de lá o tráfico de entorpecentes era gerenciado por José Deivan Aquino Oliveira (31), filho de Olenilda e irmão de “Jow”. A esposa de “Jow”, identificada como Anyele Ferreira Fernandes (24), também foi presa durante a Operação Labirinto. Para a Polícia Civil, após a prisão de “Jow”, em julho do ano passado, a esposa dele ficou encarregada por administrar e receber os rendimentos da venda dos entorpecentes para lavar o dinheiro em empresas do ramo têxtil e de gás de cozinha. As empresas, localizadas em Fortaleza, Milhã e Baturité, foram sequestradas por meio de decisão judicial. O veículo modelo Honda Civic, blindado, que estava em poder de Anyele, também foi confiscado.

Em Fortaleza, um imóvel utilizado como depósito das drogas, no bairro Parque Dois Irmãos, foi desativado pela Polícia Civil. No local, foram apreendidas 350 gramas de cocaína, 290 gramas de maconha, 40 gramas de crack, um revólver, duas balanças de precisão e um saco com mil pinos de plásticos para acondicionar cocaína. Jonas Rafael da Fonseca Santos Cardoso (19) e Liria Ellen de Souza Moura (22) foram presos na residência, com o material. Ainda na Capital, foram presos Reginaldo Cavalcante da Silva (36), conhecido como “Grande” e que tinha mandado de prisão aberto, flagrado com dois revólveres, 62 munições de calibre 38, 60 gramas de maconha e 85 gramas de cocaína; e Victor Rodrigues Freire (19), flagrado com um revólver, seis munições e uma pequena quantidade de drogas.

Dos 87 mandados de prisão cumpridos durante a Operação Labirinto, 53 deles foram efetivados em unidades do sistema penitenciário do Estado. Os mandados correspondem a crimes baseados na Lei das Organizações Criminosas, no Estatuto do Desarmamento e na Lei de Drogas.

Equipes empregadas

Ao todo, 200 policiais civis dos departamentos de Polícia da Capital (DPC), da Metropolitana (DPM), Interior Norte (DPI Norte), Interior Sul (DPI Sul), Especializada (DPE) e Técnico Operacional (DTO) foram mobilizados para dar cumprimento aos mandados judiciais, nos municípios de Quixeramobim, Milhã, Canindé, Baturité, Senador Pompeu, Madalena e Pedra Branca e Fortaleza. Além do cumprimento dos mandados, cinco suspeitos foram presos em flagrante e conduzidos para realização de procedimentos nas sedes da Delegacia Municipal de Quixeramobim e no 10º Distrito Policial, em Fortaleza.

Chefe da organização

De acordo com as investigações, Carlos Odeon Bandeira (35), conhecido como “Jow”, foi preso, no dia 16 de julho de 2018, no município de São José dos Campos, em São Paulo, por equipes da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), com apoio da Polícia Civil do Estado de São Paulo e do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo. Além de ser responsável pelo tráfico de drogas na região do Sertão Central, “Jow” é apontado como mandante de uma fuga de presos da cadeia pública do município de Milhã, ocorrida em dezembro de 2017. A ação criminosa resultou na morte do sargento da Polícia Militar do Ceará (PMCE), Izaías dos Santos Lima.

Na casa de “Jow” em São Paulo, os policiais encontraram R$ 26 mil em espécie, documentos falsos e anotações do tráfico de drogas. Ele foi autuado em flagrante por uso de documento falso, além de ter sido cumprido um mandado de prisão pelo homicídio do sargento Izaías. Conforme levantamentos da Polícia Civil do Ceará, “Jow” arquitetou e pôs em funcionamento o plano para resgatar duas pessoas, na posse de drogas, que tinham sido presas na operação “Ilha de Guantánamo”, realizada no dia 8 de dezembro de 2017. O resgate aconteceu quatro dias depois. No tiroteio, o sargento PM Izaías foi atingido na cabeça e socorrido pelos policiais, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

Seguido rastros deixado por “Jow” e pelo grupo criminoso que participou do resgate, as Polícias Civil e Militar do Ceará conseguiram localizar um carro onde ele e o padrasto dele, Givanildo da Silva (45), conhecido por “Branco”, estavam. Os dois foram capturados em Fortaleza, horas depois do resgate, por meio do Sistema Policial Indicativo de Abordagem (Spia). Eles estavam dentro de um Toyota Hilux e foram presos por policiais militares do Comando de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio). Dois dias depois da captura, “Jow” conseguiu fugir de uma unidade policial.

Investigações

A Polícia Civil mantém as investigações sobre a atuação dos integrantes presos na operação, assim como apura a participação de outras pessoas envolvidas na organização criminosa. A Operação Labirinto continua em andamento para cumprir o restante de mandados judiciais expedidos pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE).
Denúncias

A Polícia Civil ressalta que a população pode contribuir com as investigações repassando informações que possam auxiliar os trabalhos policiais. As denúncias podem ser feitas pelo número 181, o Disque Denúncia da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), ou para o (88) 99325-3627, o número de WhatsApp da Delegacia Municipal de Quixeramobim. O sigilo e o anonimato são garantidos.