Toxicologia Forense realiza perícia em amostras brutas e biológicas de drogas e detecta novas substâncias sintéticas ilícitas

10 de dezembro de 2018 - 18:29 # # # # #

O Núcleo de Toxicologia Forense (Nutof) da Coordenadoria de Análises Laboratoriais Forenses (Calf) da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) é o responsável por fazer exames e análises que revelam substâncias tóxicas/venenos e drogas em amostras brutas e biológicas em humanos vivos e não-vivos e é destaque na identificação de drogas sintéticas. Entre janeiro e novembro deste ano, já foram periciadas 14,263 mil amostras de drogas no Estado.

Responsável por grande parte das demandas da Calf, é na toxicologia forense onde são feitas as análises de substâncias trazidas pela Polícia ou pelos peritos de locais de crimes da Coordenadoria de Perícia Criminal (Copec) e se constata se estas amostras são drogas, outras substâncias ilegais, medicamentos psicotrópicos ou se possuem conteúdo nocivo. Em outro âmbito, mas também com foco na busca por vestígios destas substâncias no organismo, a toxicologia realiza testes em amostras de sangue, urina e alguns órgãos que possam detectar presença de drogas, veneno ou álcool.

Drogas sintéticas

De acordo com os dados do Nutof, apenas neste ano, de janeiro a novembro, foram examinadas 14,263 mil amostras de drogas, sendo 13,886 dos tipos mais comuns; maconha, cocaína e suas variantes. Este número já supera todo o ano de 2017, quando foram analisadas 13,337 amostras. Conforme o perito criminal Fabrício Saldanha, estes narcóticos precisam ser examinados para que haja uma comprovação técnica sobre o conteúdo e um laudo que é encaminhado para a autoridade Policial.

Porém, nos últimos anos as drogas sintéticas estão cada vez mais sofrendo alterações químicas e exigindo mais estudos e pesquisas para sua identificação, explica o perito. Estas são chamadas de ‘Novas Substâncias Psicoativas’ (NSP) que se referem a drogas sintéticas.

Conforme o perito especialista, estas drogas existem há alguns anos em vários países e, aqui no Ceará, a Perícia Forense já vem identificando as formas mais variadas destas substâncias e dando apoio a Polícia em operações especiais no combate ao tráfico. “Os criminosos modificam quimicamente as moléculas das substâncias, a molécula da cocaína, por exemplo, e a partir disso se cria uma nova droga. Mas o nosso trabalho minucioso extrai e identifica as moléculas que compõe a ‘nova’ substância”, explica.

Para o perito, os bons resultados nas operações contra o tráfico destas drogas sintéticas são resultantes de muitas capacitações que os peritos participam. “São realizados investimentos em equipamentos e qualificação para que os peritos estejam sempre atualizados com cursos de educação continuada, palestras e congressos, e isso contribui para que possamos detectar essas alterações nas drogas e melhorar na atuação em toxicologia forense de um modo geral”.

Análise Biológica

No laboratório também são realizados exames em amostras biológicas: alcoolemia, busca de veneno no organismo ou outras substâncias como as utilizadas em golpes conhecidos como o “boa noite, Cinderela”, por exemplo.

A perita legista Vivian Santiago conta que todos os testes, tanto em amostras brutas, como em amostras biológicas passam por exames de identificação para saber qual tipo de sustâncias elas são, qual teor, se são drogas puras ou diluídas, qual material é utilizado para diluir, entre outras caraterísticas de cada material que chega ao Nutof. Para os dois tipos de perícias são designadas equipes específicas em dois lugares distintos. As drogas oriundas de locais de ocorrências são examinadas em um espaço, enquanto os exames em amostras de sangue, conteúdo estomacal, urina, fígado ou outros órgãos de vítimas ou suspeitos são tratados em outro ambiente devido à complexidade de cada análise.

Os exames de amostras biológicas são feitos com conteúdo extraído de suspeitos e também de vítimas vivas e não vivas. No caso dos mortos, os testes são realizados por solicitação da Coordenadoria de Medicina Legal (Comel) para atestar a causa de mortes suspeitas de ingestão de tóxicos, por exemplo.

O perito Wanderlei Holanda, que está na Pefoce desde a sua implementação, conta como o Núcleo de Toxicologia se desenvolveu e trouxe mais robustez aos laudos. “A nossa capacidade resolutiva aumentou. Anos atrás a gente não tinha determinados exames que detectassem, por exemplo, presença de cocaína no sangue de alguém que morreu por overdose. Hoje podemos atestar, quantificar e fechar um caso de forma eficaz e com agilidade”, enfatiza.