Bombeiros alertam para os cuidados que banhistas devem tomar para evitar afogamentos

26 de novembro de 2018 - 19:20 # # # # #

Uma vastidão azul-esverdeada salta aos olhos do visitante que se aproxima da Praia do Futuro pelas principais vias de acesso rodoviário. A visão encantadora, porém, oferece riscos difíceis de imaginar. O manto d’água que convida ao mergulho encobre um relevo acidentado, repleto de valas que se abrem e se fecham de forma imprevisível, sob a ação do vento e das correntes marítimas. Para quem caminha onde a água “dá pé”, a súbita falta de chão, sem qualquer referência clara de profundidade, pode ser desesperadora. E é aí, muitas vezes, que mora o perigo.

“O afogamento costuma estar ligado intimamente ao desespero. A pessoa sente que perdeu o contato com o chão e se desespera para conseguir pisar em algum lugar, para sair de onde está. Esse é o momento em que ela gasta toda a força de forma pouco eficiente e acaba se expondo ao afogamento”, explica o tenente-coronel Holdayne do Nascimento Pereira, comandante do Núcleo de Busca e Salvamento do CBMCE.

Às valas, que frequentemente não chegam a ter mais do que meio metro de profundidade, se somam as correntes de retorno, que muitas vezes arrastam o banhista inesperadamente para dentro do mar. Esse fenômeno está envolvido em cerca de 9 em cada 10 afogamentos registrados na Praia do Futuro. “Não é difícil escapar desse tipo de corrente. Basta nadar perpendicularmente a ela, ou seja, paralelo à praia. Mas como na hora do sufoco a gente não pensa direito, o mais seguro é evitar entrar no mar onde elas estejam”, sugere o tenente-coronel Holdayne

Para isso, há dois caminhos possíveis: observar se não há placas de sinalização desaconselhando o banho no local – há, pelo menos, vinte delas distribuídas pela Praia do Futuro – e conversar com os guarda-vidas antes de entrar na água.

“Os guarda-vidas conhecem a praia melhor do que ninguém. Sabem como está a maré, como estão as correntes e, por isso, são a melhor fonte de informação para o banhista. Se eles disserem que está tudo bem, você vai resguardado e, caso aconteça algum imprevisto, eles ainda estarão por perto para fazer o resgate”, orienta o major Jectan Vital de Oliveira, comandante da 1ª Seção de Salvamento Marítimo (1ª SSMar).

Há nove postos de guarda-vidas do CBMCE distribuídos ao longo da Praia do Futuro, com dois militares em cada um. No período de férias, o efetivo dobra. Assim, não faltam opções de pontos de apoio onde obter informações sobre a praia e garantir uma diversão segura nessas férias.

Falando de férias, é preciso ficar atento ainda a duas questões muito importantes. A perigosa relação entre álcool e afogamentos e o risco sempre presente de deixar crianças brincando no mar sem a supervisão de um adulto. “O álcool reduz a nossa capacidade de reagir normalmente às ondas, às valas e às correntes do mar. Se a pessoa sóbria já encontra problemas às vezes, bêbada ela vai ter dificuldade redobrada. Por isso, nunca entre no mar alcoolizado!”, alerta o major Jectan.

Sobre as crianças, é preciso ter em mente que elas estão expostas a todos os perigos já mencionados, só que potencializados pela baixa estatura e pela pouca maturidade para lidar com os movimentos imprevistos das águas. Por isso, todas as orientações válidas para os adultos se aplicam a elas, com um acréscimo importante: a supervisão de um responsável deve ser permanente.

“Apesar do ambiente de relaxamento da praia, os responsáveis nunca devem deixar crianças no mar desacompanhadas. Manter o olho nelas perto o suficiente para agir caso aconteça algum imprevisto é essencial”, sugere o oficial.

De janeiro a outubro de 2018, foram registrados 301 resgates com vida e três óbitos por afogamento na Praia do Futuro. Com uma ocorrência por dia, em média, os afogamentos são relativamente comuns na praia mais conhecida de Fortaleza. Graças à atuação dos guarda-vidas do CBMCE na prevenção e na reação, porém, apenas 1% desses casos redundou em morte.