Integração entre forças de segurança do CE e RN resulta na apreensão de armas e explosivos em Jaguaruana

3 de abril de 2017 - 19:23

Uma operação integrada entre as Polícias Federal, Civil e Militar dos estados do Ceará e Rio Grande do Norte resultou na apreensão de armas, munições, artefatos explosivos e vasto material que seria utilizado para assaltar duas agências bancárias e dois caixas eletrônicos do município de Jaguaruana, Área Integrada de Segurança 10 (AIS 10). A ação criminosa ocorreu na madrugada desse sábado (01), quando o grupo armado se preparava para roubar as agências do Banco do Brasil e do Bradesco, além de dois caixas eletrônicos instalados na sede da prefeitura do município cearense. Dois suspeitos foram presos. A operação segue em andamento e diligências estão sendo realizadas no sentido de capturar os demais integrantes do grupo.

Em entrevista coletiva, realizada na tarde de sábado (01), na sede da Superintendência da Polícia Federal no Ceará, foram apresentados os detalhes da operação, bem como parte do material apreendido na ação: dois fuzis (AK 47 e AR 15 calibre 556), duas pistolas (.40 e 9mm), uma espingarda calibre 12, munições, pregos ? encontrados nas entradas e saídas do município e utilizados para facilitar a fuga do grupo ?, ferramentas para instalação de explosivos e artefatos explosivos. Automóveis e motocicletas utilizados pelos criminosos foram abandonados durante a fuga e estão em poder da Polícia. Participaram da coletiva, o chefe da Delegacia da Polícia Federal em Mossoró-RN, Samuel Elânio Oliveira; o delegado regional de investigação e combate ao crime organizado da Polícia Federal do Rio Grande do Norte, Paulo Henrique Rocha; o delegado da Polícia Federal do Ceará, Wellington Santiago; e o comandante de policiamento especializado da Polícia Militar do Ceará, Cel. Aginaldo de Oliveira.

As investigações que culminaram na deflagração da operação, batizada com o nome de Operação Andarilho, foram iniciadas em setembro de 2016, sob a coordenação do chefe da Delegacia da Polícia Federal em Mossoró, delegado Samuel Elânio Oliveira. "Iniciamos as investigações de combate a assaltos a instituições financeiras e a carros-fortes após surgir uma demanda muito grande no Rio Grande do Norte, ao mesmo tempo que acontecia no Ceará, na Paraíba e em Pernambuco. A partir daí, começamos a fazer alguns trabalhos de investigação em algumas quadrilhas, focando nos principais chefes".

O delegado destacou a importância da integração com as Polícias Civil e Militar do Ceará e do Rio Grande do Norte na troca de informações sobre a atuação de grupos especializados nesse tipo de crime nos estados. "Diante dos levantamentos que nós tínhamos e com as investigações bem encaminhadas, entramos em contato com a Polícia Militar do Ceará, com quem tínhamos uma boa troca de informações e que foi imprescindível nesse trabalho. Sem eles, (a operação) não teria ocorrido. A Polícia Civil do Ceará ajudou a gente também nesse sentido, junto com a Polícia Civil de Mossoró, repassando informações."

O crime

A ação dos criminosos foi iniciada durante a madrugada (01) e se desenvolveu em três frentes, com grupos agindo nas agências do Banco do Brasil, do Bradesco e nos caixas eletrônicos na sede da prefeitura simultaneamente. Apenas no último, o grupo conseguiu detonar os explosivos nos terminais. As agências foram alvejadas por vários disparos de arma de fogo. Munições encontradas nos locais de crimes, bem como as ferramentas utilizadas para abrir os terminais e cofres das agências, foram encaminhadas para a Perícia Forense do Ceará (Pefoce) para serem periciadas.

Durante confronto entre criminosos e equipes do Comando Tático Rural (Cotar), quatro suspeitos foram atingidos e vieram a óbito no local. Outros dois foram conduzidos para um hospital da região, onde foi confirmada a morte de um integrante do grupo. Outro homem segue internado sob escolta policial. De acordo com as investigações, o grupo que chegou ao município de Jaguaruana seria formado por mais de 20 pessoas e entraram na cidade em caminhonetes e motocicletas.

A Perícia Forense do Ceará (Pefoce) concluiu os trabalhos de identificação de cinco suspeitos que faziam parte do grupo criminoso. São eles: Ediondas Duarte Costa Junior, Tailton Tamaris de Sousa, Luciano Sebastião de Araújo, Ita Alves de Oliveira Júnior e Guilherme Santos da Silva. Este último socorrido para o hospital municipal de Aracati e confirmado óbito na unidade. Um sexto homem foi atingido durante o confronto e morreu no local. Ele foi identificado como Francisco Francileudo Gomes da Silva. As circunstâncias da morte dele serão investigadas pela Polícia Federal.

Prisões

Na manhã desse domingo (02), José Alves Bezerra Neto (41), natural de Mossoró-RN, foi capturado por equipes do Batalhão de Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (BPRaio), no município de Russas. De acordo com levantamentos realizados por policiais, ?Netão?, como é conhecido, estava na CE 356, próximo à entrada de Várzea Alegre, pedindo carona em troca de dinheiro. ?Netão?, que responde a furto e homicídio, foi conduzido para a Polícia Federal do Rio Grande do Norte. No dia anterior, Rayk Vinícius Santos de Oliveira foi capturado por equipes policiais em um Volkswagen Amarok, em Jaguaruana, e conduzido para a Polícia Federal, em Fortaleza.

Chefe

Conforme divulgado pelo delegado Samuel Elânio Oliveira em coletiva, o potiguar Ediondas Duarte Júnior (30), natural de Mossoró-RN e conhecido por "Júnior Bombado", seria o mentor e principal articulador dos roubos a instituições bancárias e carros-fortes nos municípios do Nordeste. O grupo interestadual já teria atuado outras vezes em cidades dos interiores do Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. A morte de Ediondas foi confirmada na coletiva. "Durante as investigações, chegamos à conclusão que ele (Ediondas) seria um dos cabeças da quadrilha. Além de ser o explosivista, ele também arregimentava outras pessoas para compor a quadrilha", revela o delegado.

Diligências

Outros suspeitos de integrar o bando foram identificados nas investigações e são procurados pelas forças policiais. "As investigações permanecem para estabelecer a participação de cada um nos crimes", completa o delegado Paulo Henrique Rocha.

Equipes do Comando Tático Rural (Cotar), do Batalhão de Divisas, dos destacamentos da Polícia Militar da Área Integrada de Segurança 10 (AIS 10) seguem em diligências no sentido de capturar o restante do grupo. Equipes da Polícia Civil da região também colaboram nos trabalhos. A ofensiva policial conta ainda com apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e das Polícias Civil e Militar do Rio Grande do Norte.