Polícia desvenda morte de professor e prende esposa como mandante do crime

22 de junho de 2016 - 18:38


Hemerson e Luziana, esposa da vítima, confessaram o crime

?Tem que ser hoje. Não pode passar de hoje!?. Esta foi a última ordem dada por Luziana Barbosa da Silva (25) para concretizar o plano de matar seu marido. O homicídio foi encomendado pela mulher e concretizado na noite da última sexta-feira (17). Ela e dois comparsas ? um adulto e um adolescente – foram capturados, nessa terça-feira (21), pela Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), com o apoio de policiais militares. Edivaldo Ferreira dos Santos (33) foi morto com três tiros nas costas, próximo à casa da família, na cidade de Trairi ? Área Integrada de Segurança 17 (AIS 17) do Ceará. Um adolescente apontado como quarto envolvido no delito se apresentou na delegacia de Trairi no final da tarde de hoje (22) e ficou apreendido. Contra ele existia um mandado de busca e apreensão.

Luziana confessou toda a trama criminosa, na tarde de ontem (21), em depoimento na Delegacia Municipal de Trairi. Ela foi autuada por homicídio, com base no artigo 121 do Código Penal. A morte de Edivaldo foi planejada e comandada por sua própria esposa, com quem conviveu maritalmente por nove anos. A suspeita escolheu, inclusive, o local e o momento da execução: próximo a casa deles e na frente da filha do casal – uma criança de quatro anos. De acordo com as apurações, Luziana tinha a intenção de ser beneficiada com a pensão que seria deixada pelo companheiro, que era professor.

O plano para tirar a vida do professor requereu dinheiro, comparsas e uma estratégia que não levantasse suspeitas quanto à motivação e a autoria do crime. Então, Luziana contratou um homem: Francisco Emerson de Castro Viana (19) ? que também foi preso. Os dois se conheceram há cerca de um mês, na localidade de Pedrinhas, na cidade de Paraipaba. Ela fez a proposta e ofereceu a quantia de R$ 1 mil ao suspeito, que aceitou. A partir daí, eles começaram a articular como o delito seria cometido. Dias depois, a dupla se encontrou pessoalmente na localidade de Oiticica, onde Emerson apontou um terreno deserto como sendo o local ideal para o homicídio. Mas o plano de Luziana era mais ousado. Ela esquematizou uma simulação de roubo e disse que deveria ser feito próximo a sua casa. Assim, a descoberta de que tudo se tratava de um homicídio encomendado seria mais improvável. O homem teve a incumbência de conseguir armas, veículos e comparsas e a mulher, por sua vez, foi quem levou Edivaldo para a emboscada.


Foto enviada pela esposa aos criminosos, indicando o local do crime

Tudo era combinado por telefone, em ligações ou mensagens enviadas via aplicativo de conversas. Para disfarçar, Luziana conversava com o infrator como se estivesse falando com sua mãe. Ela enviou fotos e o endereço de sua residência para Emerson. O homem conseguiu o apoio criminoso de outros três infratores, entre eles os dois adolescentes aprendidos. O outro envolvido foi identificado e está sendo procurado pela Polícia.

Depois o valor foi mudado e o crime ficou acertado por R$ 1,6 mil. Para conseguir pagar pela morte do companheiro, a mulher deixou de efetuar pagamentos de despesas da casa, com o objetivo de juntar o dinheiro. Ela ainda pediu R$ 600,00 ao marido, alegando que seria para pagar a faculdade. Ele negou e ela pegou o valor escondido.

Plano é colocado em prática

A primeira data marcada para a morte de Edivaldo foi o dia 14 deste mês. Contudo, o crime foi adiado por Luziana, devido o marido não está em casa mais cedo. Já na sexta passada, a última ordem foi dada: ?Tem que ser hoje. Não pode passar de hoje?. Assim, Luziana determinou que aquela sexta devesse ser o último dia de vida do esposo. O casal e a filha foram a uma pastelaria nas proximidades de casa, por volta de 20 horas. Contudo, não se tratava de um lanche em família, mas sim da oportunidade planejada para o homicídio. Antes de sair de casa, a mulher combinou toda a ação com o comparsa. Para não correr risco de o plano ser frustrado, Luziana ainda enviou fotos da rua para ele. Mas, Emerson não chegou ao local na hora acertada e Luziana teve que retornar com a vítima e a filha para casa.

Então, determinada a efetuar o delito, Luziana ligou para o homem quando estava ainda ao lado do marido e da filha. Ficou acertado que ela tiraria o esposo de casa. Desta vez, ela sugeriu ao marido que todos fossem a casa do pai dele, a pé mesmo, também nas proximidades.

Edivaldo saiu de casa com a esposa e a filha achando que iria visitar seu pai, mas ele dava os últimos passos ao encontro de seus assassinos e ao lado da mandante do crime. O quarteto aguardava há poucos metros da casa, na Rua Alto São Francisco. Em depoimento, Emerson também confessou sua participação no crime e disse que ele e os outros infratores foram ao encontro da vítima após perceberem um sinal feito pela mulher. A família foi abordada pelos homens, que simularam o assalto. Emerson pegou o celular de Luziana e esta ainda lhe entregou o dinheiro que estava em sua bermuda. Um dos comparsas mandou Edivaldo deitar no chão e efetuou os três tiros em suas costas. Os criminosos fugiram em duas motos e o professor ficou agonizando. Ele ainda foi socorrido a uma unidade médica, mas não resistiu.

Os suspeitos empreenderam fuga em direção à localidade de Boa Vista, em Paraipaba. Emerson foi capturado pelos policiais em sua casa. A farsa de Luziana não acabou com a morte do marido. Em redes sociais, ela demonstrou comoção e alterou seu status, com imagens de luto.


Perfil de Luziana alterado

A ação policial também resultou na apreensão de um revólver calibre 38, 27 munições de mesmo calibre – sendo quatro deflagradas – dois celulares e duas motocicletas Honda de placas DLX 0814 e NUR 0015 ? ambas de cor preta. Em um dos celulares, foram encontradas várias mensagens de texto e de áudio com combinações sobre o homicídio.


Arma utilizada no crime

Denúncia

A população pode auxiliar nas apurações policiais. Caso alguém tenha informações sobre o paradeiro do quinto envolvido no crime, pode ligar para o disque denúncia da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), pelo número 181. O sigilo é garantido.