Tento para a Polícia

20 de março de 2009 - 00:00


Opinião

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Resgate de jovem sequestrado renova a expectativa de que a polícia do Ceará trabalhe cada vez mais com informação

20 Mar 2009 – 03h52min

O resgate do estudante Francisco Damásio Avelino Filho pela Divisão Antissequestro (DAS), depois de seis dias de sequestrado por bandidos, é um tento importante para a Polícia do Ceará. A ação demonstra que é possível enfrentar o desafio do crime organizado, apostando na informação.

O estudante havia sido sequestrado no último dia 12 por dois homens de dentro de um mercadinho da família, em Messejana. O chefe dos sequestradores, vindo de outro Estado, havia fixado residência nas proximidades da vítima para fazer levantamento da rotina da família. Embora esta tivesse pedido à Polícia para se afastar do caso, as negociações foram acompanhadas de longe pelos investigadores, até que puderam localizar o cativeiro e prender os sequestradores em flagrante.

Os marginais já tinham passagem pela Polícia, como assaltantes. Daí a importância de se ter uma ficha atualizada dos bandidos para que sua saída da prisão, ao fim das penas cumpridas, ou por conta de habeas corpus ou outra medida de relaxamento, não os deixem sem algum tipo de monitoramento. Reincidentes devem ser acompanhados com atenção.

O importante, sobretudo, é apostar nos serviços de inteligência da Polícia para que mantenham uma permanente coleta de informações sobre o submundo do crime. Com esse trabalho de formiga é possível rastrear e mapear a movimentação das quadrilhas e detectar e prevenir as ações criminosas ainda em gestação. É um trabalho árduo, que requer muita paciência, persistência e profissionalismo para que possa gerar frutos, mas é altamente eficaz. Evita desperdício e desorientação no trabalho investigativo, mantendo um foque objetivo capaz de orientar com precisão, dando direcionamento correto à ação policial.

A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social deve, portanto, insistir no fortalecimento desse tipo de serviço e no reforço da polícia científica. A valorização desses profissionais deve ser uma meta estratégica: sua formação abrange não apenas o aspecto técnico-científico, mas igualmente a questão ética e a consciência cívica. Consciência, sobretudo, de que são servidores do Estado e da sociedade, munidos de uma missão especial de grande importância para a proteção da sociedade, e por isso mesmo mais obrigados ainda a ser respeitosos para com a institucionalidade do Estado Democrático de Direito. O fato de sua atividade ser secreta, não lhes dá o direito de se julgarem acima da lei. Quanto mais forem profissionais, mais eficientes serão e mais respeito carrearão da sociedade. Quanto aos bandidos, estes pensarão duas vezes antes de se arriscarem a atuar num espaço palmilhado por olhos observadores.