PCCE apreende pistola suspeita de ter sido utilizada nas mortes de chefes de organização criminosa

16 de março de 2018 - 19:23 # #

A arma de fogo foi encontrada em um córrego no Rio Grande do Norte. Já a aeronave utilizada no crime foi transferida para a Ciopaer, nesta quinta-feira (15)


Uma das armas de fogo suspeita de ter sido utilizada no duplo homicídio que vitimou Rogério Jeremias de Simone (41), o “Gegê do Mangue”, e Fabiano Alves de Sousa, o “Paca”, no dia 15 de fevereiro, foi apreendida após investigações capitaneadas pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE). O resultado foi apresentado em coletiva de imprensa, nesta sexta-feira (16), no Complexo de Delegacias Especializadas (Code), em Fortaleza. Durante a divulgação, foram repassadas ainda as informações acerca do transporte da aeronave utilizada no dia do crime. Por intermédio do trabalho da Polícia Civil cearense, os mandantes e partícipes das mortes, ocorridas em Aquiraz – Área Integrada de Segurança 13 (AIS 13), foram identificados e estão com mandados de prisão em aberto.

Na manhã dessa quinta-feira (15), a aeronave de modelo EC130 B4 chegou à sede da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer) da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), em Fortaleza. O helicóptero foi encontrado, no dia 01 de março, na cidade de Fernandópolis, em São Paulo. Na ocasião, a PCCE descobriu a localização do veículo aéreo e já de posse do mandado de sequestro, solicitou o apoio da Polícia Civil de São Paulo. Agora, haverá a representação pelo processo de perdimento do equipamento, em favor do Estado do Ceará. Uma vez que o objetivo é ou empregar a aeronave no combate às ações criminosas ou então aliená-la e utilizar os recursos para outros investimentos no combate ao tráfico de drogas.

Ainda dentro do curso das investigações, a delegacia especializada identificou o local onde a arma de fogo que teria sido utilizada nos homicídios foi deixada pelos executores após o crime, na última segunda-feira (12). A pistola calibre 9 mm de origem americana foi encontrada em um córrego, na cidade de Santo Antônio, no Estado do Rio Grande do Norte. Na ação, também foram apreendidos carregadores municiados, entre eles, do modelo FN 5,7×28 – calibre capaz de atravessar um colete balístico. Todo o material foi transferido para Fortaleza pela equipe da Polícia Civil do Ceará e, agora, serão periciados. Conforme as apurações da Draco, foi identificado ainda que o local onde “Gegê do Mangue” e “Paca” foram arrebatados, no dia do crime, se trata de heliponto abandonado na Avenida Dioguinho, na Praia do Futuro (AIS 01). Após a decolagem, todos seguiram até o local onde ocorreram as execuções, em uma reserva indígena, em Aquiraz.

Crimes e prisões decretadas

A Justiça decretou as prisões temporárias em detrimento de Wagner Ferreira da Silva – o “Cabelo Duro”, que foi morto no dia 22 de fevereiro em São Paulo; Erick Machado Santos – conhecido por “Neguinho Rick da Baixada”; Ronaldo Pereira Costa; André Luiz da Costa Lopes – o “Andrezinho da Baixada”; Thiago Lourenço de Sá de Lima; bem como o homem apontado como o mandante do crime, Gilberto Aparecido dos Santos – conhecido “Fuminho”. Os trabalhos iniciaram após o fato ocorrido em uma reserva indígena localizada no município da Região Metropolitana de Fortaleza. Por meio de diligências, a Polícia Civil cearense identificou um imóvel luxuoso, no Porto das Dunas, também em Aquiraz, onde uma das vítimas residia. Rogério Jeremias de Simone, o “Gegê do Mangue” e um dos chefes da organização criminosa, utilizava um nome falso, sendo conhecido por João Paulo Martinelli. Já Fabiano Alves de Souza, “Paca”, era conhecido por Carlos Fabiano Duarte. De acordo com as apurações, a mansão avaliada em mais de dois milhões de reais, foi adquirida em junho de 2017 e estava no nome de um “laranja”, identificado por José Cavalcante Cidrão, que atualmente se encontra com mandado de prisão em aberto. Já “Paca” residia em um condomínio em Fortaleza. As únicas pessoas autorizadas a entrarem no local, eram os familiares de “Gegê do Mangue”, de “Paca” e de José Cavalcante.

Durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão na propriedade no Porto das Dunas, no dia 19 de fevereiro, a Polícia Civil localizou diversos documentos em nome de outro individuo, identificado por Francisco Cavalcante Cidrão, irmão de José Cavalcante Cidrão, e que também atuava como “laranja”. Em continuidade às investigações, a Polícia chegou ao segundo imóvel de luxo de “Paca” e avaliado em R$ 1,8 milhões, na cidade do Eusébio (AIS 13). A casa, que não chegou a ser utilizada era de propriedade de “Paca”, que pretendia se mudar para o local, após uma proibição do condomínio, onde residia, no bairro Cocó (AIS 10), em colocar cortinas na varanda do imóvel. Além das três propriedades, as vítimas possuíam mais um imóvel, sendo este uma mansão na Lagoa do Uruaú, em Beberibe (AIS 18), no valor de R$ 1,1 milhão. Quatro veículos de luxo, avaliados em torno de R$ 2,5 milhões, também foram sequestrados a partir de mandados judiciais expedidos após representação da Draco da PCCE. Atualmente, existem mandados de prisão contra mais duas pessoas, sendo estas, Samara Pinheiro de Carvalho Cavalcante e Magda Enoé de Freitas.

Com os indícios colhidos durante os cumprimentos judiciais, a PCCE manteve as apurações ininterruptas e identificou a empresa de táxi aéreo situado no Eusébio, onde entre os dias 13 e 15 de fevereiro, um helicóptero, com as mesmas características da aeronave que foi vista sobrevoando a reserva indígena, esteve hangarado. Com isso, as equipes especializadas chegaram ao nome do piloto que realizou os voos, sendo este identificado por Felipe Ramos Moraes – com passagens pela Polícia do Estado de Minas Gerais, após ser preso por transportar drogas em um helicóptero. No dia do crime, conforme os registros colhidos pela PCCE na empresa, o veículo aéreo realizou dois voos. O primeiro ocorreu entre 9h28min e 9h50min. Já o segundo, às 10h13min, sendo este com destino à Bahia, de acordo com informações fornecidas pelo piloto à empresa. As investigações, agora, permanecem a cargo da Polícia Civil cearense, com o objetivo de prender os envolvidos na ação criminosa.