Do desemprego à convocação: aluna fala sobre sua trajetória para se tornar policial

9 de março de 2018 - 18:28 # # #

Na semana do Dia Internacional da Mulher, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) preparou uma série de vídeos que contaram um pouco da trajetória de mulheres que escolheram a segurança pública como ofício. As Polícias Civil e Militar, o Corpo de Bombeiros Militar (CBMCE), a Perícia Forense (Pefoce) e a Academia de Segurança Pública (Aesp) escolheram uma representante, dentro dos seus respectivos quadros de pessoal, para mostrar a força, a garra e a determinação feminina. Os vídeos foram exibidos nas redes sociais da SSPDS e de suas vinculadas. A história de hoje, encerrando a campanha, vem direto da Aesp. O objetivo da ação é mostrar que um dos segmentos profissionais no qual o poder feminino tem se consolidado é a Segurança Pública. Policiais, bombeiras e peritas desempenham suas funções com coragem, sem abrir mão da família ou do espírito materno. A inteligência, emoção, lógica, intuição, firmeza e sensibilidade são características inerentes a essas servidoras.

“Nós dois, eu e meu marido, estávamos desempregados. Tínhamos uma filha para criar e eu não sabia mais o que fazer. Foi quando saiu minha convocação”, conta Monalisa Lara Mourão Pinto (33), aluna do Curso de Formação de Inspetores da Polícia Civil, nossa personagem de hoje. Assim como Monalisa, muitas pessoas buscam o sonho de servir nas Forças de Segurança Pública do Estado do Ceará. Estudo, revisões e livros são companheiros fiéis dos futuros policiais, peritos e bombeiros. A futura inspetora conseguiu alcançar esse objetivo, mas, antes de chegar à Aesp, teve que superar diversos desafios.

Formada em filosofia e concluindo o curso de direito, Monalisa sempre teve vontade de seguir a carreira policial. Mesmo trabalhando na iniciativa privada, nunca parou de estudar para prestar o concurso público. “Independente de ser militar ou civil, eu queria ser policial”, afirma. Passou perto da tão sonhada aprovação diversas vezes. O tempo ia passando e o sonho parecia cada vez mais distante. “Estudava muito para a prova, mas não conseguia ser aprovada. Era difícil conciliar o trabalho, afazeres domésticos e os estudos”, relata.

Em 2015, uma nova oportunidade surgiu. Passar no concurso da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) virou meta. Durante a preparação para o certame, Monalisa decidiu sair do emprego, para se dedicar aos estudos. “Na época, meu marido tinha um bom trabalho e isso nos dava segurança”, relata. Foram horas e horas de dedicação e esforço. O dia da prova chegou e a candidata deu o melhor de si, mas não foi aprovada para a primeira turma. O desânimo tomou conta da sonhadora e tudo perdeu a graça. “Fiquei muito triste com o resultado. Foi uma das piores sensações que senti”, relembra.

No final de 2016, ainda desempregada, Monalisa recebeu a notícia que seria mãe pela primeira vez. A pequena Lara Ester veio ao mundo cheia de saúde e trouxe alegria a toda família. A felicidade foi interrompida em outubro de 2017, quando o marido da futura inspetora ficou desempregado. “Nossa situação financeira ficou muito complicada”, desabafa. Desempregados e com uma filha para criar, o casal se viu em uma situação crítica. A única coisa que os tranquilizava era ver na pequena Lara, um sorriso que trazia esperança. A amabilidade da bebê prenunciava o anúncio da convocação da segunda turma, onde sua mãe estaria na lista e poderia, enfim, realizar o grande sonho. “Foi um dos momentos mais felizes da minha vida. Ver meu nome na lista foi simplesmente fantástico”, conta.

Três anos depois do resultado infortúnio, Monalisa vestia o uniforme da Aesp com orgulho, mas teria de vencer mais uma etapa. Sua filha estava doente e precisava de todo apoio da genitora. No dia 5 de janeiro de 2018, mesmo com o coração dividido, a guerreira estava na aula inaugural. “Eu fiquei com o coração na mão. Fui para a aula chorando, mas ficava pensando que a minha profissão proporcionaria uma vida melhor”, ressalta.

A pequena Lara melhorou e pode ver a alegria de sua mãe em fazer parte de um grupo tão seleto. Com dois meses de curso, Monalisa só tem palavras para agradecer. “Estar aqui é um sonho. Estou vivendo cada momento com intensidade”, afirma. Foram diversos percalços que a futura inspetora teve de superar, mas hoje, trilhando os passos que sempre sonhou, faz com que sua história sirva de motivação para outras pessoas. “Acredite no seu sonho, não desista. Ainda que as coisas piorem, tudo vai dar certo”, finaliza.